Baluartes
São Bento, Santa Escolástica e a Virgem Santíssima

São Bento

São Bento é um grande santo da Igreja Católica, reconhecido
como o Pai dos monges. Nasceu na região de Núrsia na Itália,
Foi um varão de vida venerável, bento pela graça e pelo
nome, pois desde cedo demonstrou ter uma sabedoria de homem
plenamente maduro.
Ele era de uma nobre família, que o mandou para estudar em
Roma, mas diante da realidade dos jovens estudantes que
levavam uma vida movida pelos desejos e vícios, Bento se
decidiu a deixar os estudos e a casa dos pais para agora
viver a vida totalmente entregue a Jesus Cristo como monge.
Ele buscou se refugiar num lugar deserto chamado Subiaco,
isolou-se numa gruta pequena e ali permaneceu durante 3 anos
"escondido" de todos os homens exceto de um monge chamado
Romano que o ajudou neste período e que inclusive foi quem
lhe deu o hábito de monge.

Após estes três anos de isolamento, de oração, penitência,
entrega a vontade de Deus, lutas contra sua própria carne,
renuncia de si e vivência do Evangelho, aconteceu que alguns
pastores da região acabaram descobrindo que naquela gruta
morava este santo homem e a partir daí muitas pessoas
começaram a ajudá-lo com alimentação e em troca recebiam
palavras de alimento e sustento para a alma, ou seja, o povo
começou a buscar dele direção espiritual para suas vidas.
Por causa da sua fama de santidade que se espalhava, muitos
começaram a sentir o desejo de viver como ele vivia, de ser
seus filhos espirituais, então daí nasceu a família dos
monges beneditinos.
Curiosidade
Pouco antes de ter a revelação de sua morte o Homem de Deus teve a visão de um pequenino globo terrestre, significando que após as lutas espirituais que ele travou durante sua vida, contra o demônio, contra o mundo e contra si mesmo, de vitória em vitória o homem de Deus por graça, elevou-se de tal forma que o mundo e seus atrativos tornaram-se pequenos para sua alma, Bento tornara-se maior que o mundo. De fato os grandes mestres da vida espiritual afirmam que “quem venceu a si mesmo, é senhor do mundo”.
Morte

O momento que muitos de nós não queremos passar pela experiência, mas, que é a Glória para os santos, pois, é justamente aí que começamos a viver de verdade e por isso nós Beneditinos chamamos de TRANSPORTE, já que é a partir daqui que entramos na comunhão total e perfeita com Aquele que buscamos durante toda nossa vida terrena. O nosso venerável Pai Bento foi avisado por Deus 6 dias antes de sua morte, assim querendo Ele morrer em Cristo e assumindo-se fraco, pela idade e pela enfermidade decidiu preparar-se bem para o dia seu transporte e encontro definitivo como Senhor. O homem de Deus pediu que seus irmãos o sustentassem em seus braços e lhe dessem a Comunhão Eucarística. Logo após este momento o homem de Deus deu seu último suspiro e adentrou o Céu, nascendo para a Vida Verdadeira, que nunca será tirada de nós.
Santa Escolástica

Quando Nosso Senhor veio ao mundo, trouxe-nos um mandamento
novo: “Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis
amar-vos uns aos outros”(Jo 13,34). Este amor levado às
últimas consequências propiciou-nos a Redenção. E um
relacionamento humano regrado e bem conduzido deve seguir o
exemplo do Divino Mestre. O verdadeiro amor ao próximo é
aquele que se nutre por outrem por amor a Deus e que tem o
Criador como centro, visando a santidade daqueles que se
amam. Já ensinava Santo Agostinho que só existem dois
amores: ou se ama a si mesmo até o esquecimento de Deus, ou
se ama a Deus até o esquecimento de si mesmo.
Assim foi Santa Escolástica, alma inocente e cheia de amor a
Deus, de quem pouco se conhece, mas que, abrindo-se à sua
graça, adquiriu excepcional força de alma e logrou chegar à
honra dos altares. Sua história está intimamente ligada à
aquele que por desígnios da Providência nasceu com ela para
a vida, o grande São Bento, seu irmão gêmeo e pai do
monacato ocidental, a quem amou com todo o seu coração.
Nasceram Escolástica e Bento em Núrsia, na Úmbria, região da
Itália situada ao pé dos montes Apeninos, no ano 480. Como
seu irmão, teve ela uma educação primorosa. Com seus pais,
muito católicos e tementes a Deus, constituíam uma das
famílias mais distintas daquelas montanhas. Modelo de
donzela cristã, Escolástica era piedosa, virtuosa, cultivava
a oração e era inimiga do espírito do mundo e das vaidades.
Sempre caminhou em uníssono com seu irmão Bento, unidos já
antes de nascer e irmãos gêmeos também de alma. Com a morte
dos pais, Escolástica vivia mais recolhida no retiro de sua
casa. Quando se inteirou que seu irmão deixara o deserto de
Subiaco e fundara o célebre mosteiro de Monte Cassino,
decidiu ela professar a mesma perfeição evangélica,
distribuindo todos os seus haveres aos pobres e partindo com
uma criada em busca do irmão.
Encontrando-o, explicou-lhe suas intenções de passar o resto
da vida numa solidão como a dele e suplicou-lhe que fosse
seu pai espiritual, prescrevendo-lhe as regras que deveria
seguir para o aperfeiçoamento de sua alma. São Bento, já
conhecendo a vocação da irmã, aceitou-a e mandou construir
para ela e a criada uma cela não muito longe do mosteiro,
dando-lhe basicamente a mesma regra de seus monges.
A fama de santidade desta nova eremita foi crescendo e,
pouco a pouco, se juntaram a ela muitas outras jovens que se
sentiam chamadas para a vida monástica, colocando-se todas
sob a sua direção, juntamente com a de São Bento, formando
assim uma nova Ordem feminina, mais tarde conhecida como das
Beneditinas, que chegou a ter 14.000 conventos espalhados
por todo o Ocidente.
A cada ano, alguns dias antes da Quaresma, encontravam-se
Bento e Escolástica a meio caminho entre os dois conventos,
numa casinha que ali havia para este fim. Passavam o dia em
colóquios espirituais, para depois tornarem a ver-se no ano
seguinte. Um dos capítulos do livro “Diálogos”, de São
Gregório Magno, ajudou a salvar do esquecimento o nome desta
grande santa que tem lugar de predileção entre as virgens
consagradas. O grande Papa santo narra com simplicidade o
último encontro de São Bento e Santa Escolástica, em que a
inocência e o amor venceram a própria razão.
Despedida

Era a primeira quinta-feira da Quaresma de 547. São Bento
foi estar com sua irmã na casinha de costume. Passaram todo
o dia falando de Deus. Ao entardecer, levantou-se São Bento
decidido a regressar a seu mosteiro, para voltar apenas no
próximo ano. Pressentindo que sua morte viria logo, Santa
Escolástica pediu algo ao irmão Bento:
“Peço-te, irmão, que não me deixes esta noite, para
podermos falar até a manhã das alegrias da vida
celeste.”
Ao que ele respondeu:
“Que é que dizes, irmã? Ficar fora do mosteiro, de
modo nenhum o posso!”
Até esse momento a serenidade do céu era tal que nenhuma
nuvem aparecia no ar, era uma noite estrelada; quando,
porém, a monja ouviu a recusa do irmão, cruzou as mãos sobre
a mesa e nelas declinou a cabeça para rogar a Deus
todo-poderoso. Ora, logo que levantou da mesa a cabeça, tão
violentos relâmpagos e trovões e tão copiosa chuva explodiu
que nem o venerável Bento nem os irmãos que com ele se
achavam, puderam mover o pé do limiar do recinto em que
estavam. A monja, com efeito, ao reclinar a cabeça nas mãos,
derramara sobre a mesa rios de lágrimas, com oração tão
perfeita que ao mesmo tempo de sua prece caiu a tempestade,
mal Escolástica ergueu a cabeça já começava a trovoada.
Vendo, então o homem de Deus que não podia voltar ao
mosteiro começou a lastimar-se entristecido, dizendo: “Que
Deus todo-poderoso te perdoe, irmã! Que fizeste?” E ela:
“Eis que te roguei, e não me quiseste ouvir; roguei, então,
ao meu Senhor e Ele ouviu-me. Agora, pois, se podes, sai,
deixa-me e volta para o mosteiro”. Assim aconteceu que
passaram toda a noite em vigília, e se saciaram mutuamente
em santas conversas sobre a vida espiritual.
Curiosidade
A Santa irmã de Bento “desobedeceu” seu irmão apenas desta vez, querendo permanecer com ele mais tempo no mosteiro, por que sabia que dali a alguns dias viria a falecer. Tanto que seu irmão Bento após três dias deste encontro viu pela janela de sua cela a alma da irmã, desprendida do corpo, a penetrar sob forma de pomba nas profundezas do céu.